Cá estou gato Belo, deitado sobre a mesa da sala grande da "mansão", ao lado de uma velha tigela de vidro, dizem que tem mais de setenta anos.
Cenário perfeito para contar como o sobrenome Zir chegou ao Brasil.
Em 1890, nasceu no Líbano este lindo menino, aqui aos cinco anos, fotografado com sua mãe, avó e um priminho. Na imagem, muito elegante com sua roupa sóbria, corrente de ouro adornando o jaquetão.
Passou o tempo, um período muito difícil instalou-se, em razão das reformas políticas decorrentes da revolução constitucional no Império Otomano que obrigava os jovens a servirem o seu exército e então a difícil decisão, com dezenove anos, acompanhado de um primo, partiram rumo à America. O país escolhido foi o Brasil.
Como na época, 1909 os comerciantes árabes já estabelecidos, para evitar a disputa entre os novos patrícios, estabeleciam previamente as regiões do Brasil que cabiam a cada um, vovô Zir, imigrante recém chegado já estava com seu emprego garantido. As casas comerciais de libaneses já instaladas no Brasil, agenciavam os mascates e lhes forneciam as mercadorias.
Como mascate, chegou ao povoado onde hoje é o Município de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul.
Ali comprovou-se o que estava escrito nas estrelas. Exatamente como no sonho premonitório que teve seu futuro sogro, Vô Zir chegou para hospedar-se no hotel dos pais daquela linda italianinha de olhos azuis que seria sua eterna amada, mãe de seus oito filhos. Na imagem abaixo, vovó segurando a cuia do chimarrão, ao lado da primeira filha e vovô segurando o garrafão e um copo de vinho.
Em 1923, nasceu o pai da Beth, na foto, em seu primeiro ano de escola, vestindo um alvo guarda pó. Não sei o que os leitores dirão, mas eu, Belo vejo grande semelhança entre o vovô Zir menino e o menino Antonio Zir, pai da Beth.
Aqui, vovô e vovó Zir, passeando em Porto Alegre onde seu filho mais velho residia e já exercia a advocacia.
Enquanto os pais viajavam, aproveitando a companhia do filho mais velho, Antoninho, como carinhosamente era chamado, destruía corações das belas mocinhas de Getúlio Vargas. Mas seu coração já estava comprometido com uma descendente de alemães.
A Beth já contou a história do casamento de seus pais aqui no blog, mas vou resumir para os leitores que estão chegando agora.
Ele era católico e ela evangélica e casamento ecumênico, naquela época, nem pensar e para casarem na Igreja Católica, Lilly teria que ser batizada novamente mas ambos não concordaram.
Então, não casaram na igreja. Lilly trocou o vestido de noiva por um conjunto de sofá e duas poltronas, demonstrando desde jovem, ser prática e decidida. Foi um namoro bastante tumultuado porque os pais da Lilli não aceitavam o Antoninho por não ser alemão, ser católico e meio escurinho, aquela cor dourada linda dos árabes.
Mesmo assim, foram felizes por vinte e nove anos até a partida precoce de Antoninho.